Orações
Santa Hildegarda profetizou a vinda do Anticristo como resultado de uma revolta universal na Igreja e na sociedade
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Santa Hildegarda, abadessa de Bingen, profetisa do Novo Testamento |
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Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
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Santa Hildegarda profetizou muitas coisas: descreveu a situação do tempo dela e fez profecias até o Anticristo, e isto tudo documentado com milagres.
A Providência quis que ela profetizasse porque se os homens tivessem tomado a sério o anúncio da Revolução, esta podia não ter vindo.
O profeta adverte para evitar o castigo, para evitar o precipício. Ele é a voz da Providência afastando do desvio, e ao mesmo tempo anunciando o castigo se os desvios não forem evitados.
Então ela profetizou até o Anticristo. Aqui vem então a explicação do igualitarismo, que é uma das fontes da Revolução anticristã, junto com a sensualidade.
O orgulho naturalmente produz o igualitarismo.
E Santa Hildegarda fala de prelados. Mas prelado na linguagem da Idade Média, e que se conservou até certo ponto na linguagem eclesiástica, prelado não era só eclesiástico.
Etimologicamente, a palavra prelado quer dizer aquele que está na frente, que foi selecionados, o principal.
Os prelados espirituais são os principais dentre o clero, como os bispos e cardeais. Os prelados temporais são os principais dentre a sociedade civil, portanto os nobres e alguns elementos da alta burguesia.
Então, Santa Hildegarda fala do espírito igualitário voltado contra todas as desigualdades eclesiásticas e civis.
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Santa Hildegarda, profetisa do Novo Testamento, anteviu uma Revolução universal |
Ela denuncia que haveria de vir a revolta protestante contra as desigualdades eclesiásticas e a Revolução Francesa contra as desigualdades civis.
“A santa anunciava uma época difícil, cujos primeiros sinais já se manifestavam”, escreve o Pe. Rohrbacher.
Evidentemente é toda uma Revolução que ela descreve com estas características: “os vales queixam-se das montanhas, as montanhas tombam sobre os vales”.
É, portanto, uma crise completa, porque se as montanhas e os vales estão em revolta e as montanhas ruem, é um abalo universal. Precisamente como há o abalo universal na Revolução.
Continua: “Porque os súditos não sentem mais o temor de Deus, estão como que impacientes para subir aos cumes das montanhas, para acusarem os prelados, ao invés de acusarem os próprios pecados”.
É a revolta dos que estão embaixo. Porque eles não têm mais temor de Deus, não gostam de estar embaixo e querem ser os maiores.
Esta é a razão profundamente religiosa e moral da Revolução. É uma diminuição do temor de Deus, que produz o espírito de revolta igualitária.
Depois continua: “Dizem: sou mais adequado do que eles para superior”. Não é bem Revolução Francesa? O sufrágio universal, o povo que diz: nós mandamos melhor do que os nobres. Vamos organizar eleições. Não são mais os nobres que governam, mas é todo o mundo, o Zé Padeiro, o Zé Carniceiro, tem sua opinião a fazer para as eleições.
Bem: “Denigram... - quer dizer, falam mal de tudo quanto os superiores fazem - “por inveja” e por igualitarismo: “por ódio à superioridade”. Quer dizer: ódio à desigualdade enquanto desigualdade. Não pode ser mais claro.
“Assemelham-se a um insensato que, invés de limpar suas roupas sujas, nada faz a não ser observar de que cor é a roupa do próximo”. Quer dizer, as pessoas do povo têm uma má vida, e em vez de se corrigir começam a apontar a má vida dos que estão em cima.
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Santa Hildegarda de Bingen |
Depois continua: “As próprias montanhas” – isto é, os prelados, quer dizer, os nobres, os clérigos e os burgueses –, “em lugar de elevarem continuamente a comunicações íntimas com Deus, a fim de cada vez mais se transformarem na luz do mundo, descuidam-se e obscurecem-se”. É o entibiamento da nobreza e do clero.
A nobreza e o clero devem ter um espírito elevado. O próprio do nobre é ser uma tocha de sublimidade em todos os ambientes onde ele está. Elevar os costumes, elevar a arte, elevar o ambiente, com vistas a Deus, com uma finalidade fundamentalmente religiosa.
Mas Santa Hildegarda denuncia seu entibiamento de um modo bem expresso: “descuidam-se de se elevar, e se obscurecem”.
O mau católico descuida de elevar seu pensamento. Ele gosta de conversar banalidades, estrada, futebol, mas das coisas elevadas não gosta. Nessa recusa começa o obscurecimento na alma. A luz da graça vai se apagando. E isto Santa Hildegarda denuncia.
Bem, “daí a sombra e a perturbação que reina nas ordens superiores”; a inveja dos inferiores e a própria maldade dos inferiores resulta do relaxamento dos superiores. Isto é profundamente arquitetônico: se os pastores espirituais e temporais se descuidam, a grei cai.
“E porque vós, grande Pastor e Vigário de Cristo, deveis buscar luz para as montanhas e conter os vales”: quer dizer, é tarefa do papa chamar o clero, chamar a nobreza, reprimir, comunicar a luz e conter os vales. Em vez de fazer revolução social, em vez de estar falando de justiça social em termos imprudentes, conter a Revolução. Esta é que é a obra do Pastor.
E, então: “dai preceitos aos senhores e disciplinas aos súditos”.
O profeta Isaías diz: “O pai que poupa a vara a filho, odeia seu filho”. Conter é isto: é meter medo; depois vem o carinho, depois vem o apoio. Greves, revoltas, etc., primeiro fiquem quietos e acabem com a greve, e se ponham em paz. Depois eu vou atender, vou ver o que é que há. Mas nessa atmosfera, não! Assim não tem conversa.
“O Soberano Juiz recomenda-vos que condenais e repilais de junto de vós os tiranos importunos e ímpios, no temor de que, para vossa grande confusão, eles se imiscuam na vossa sociedade”.
Quer dizer, tiranos e ímpios devem ser expulsos de junto do Papa, “mas sede compassivo com as desgraças públicas e particulares, pois Deus não desdenha as chagas e as dores daqueles que O temem”. Quer dizer, o Papa que tenha zelo pela Igreja e pela sociedade civil, e não fique de braços cruzados.
Por que Deus quis que ela tivesse essas visões?
Porque o verdadeiro católico tem que ter uma Filosofia da História.
Ele deve saber que sua época é um elo entre o passado e o futuro, e interpretar os acontecimentos de sua época não como acontecendo só hoje, mas como nascidos de mil fatores do passado e gerando mil coisas no futuro.
É um processo, quer dizer, uma coisa que gera outra, que gera outra, que gera outra e outra. Então, para nós conhecermos este processo, veio esta revelação.
(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 16.9.66. Sem revisão do autor)
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