Prenúncio do triunfo de Fátima quase cinco séculos antes das aparições – 2
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Prenúncio do triunfo de Fátima quase cinco séculos antes das aparições – 2


Prenúncio do triunfo de Fátima quase cinco séculos antes das aparições
Prenúncio do triunfo de Fátima quase cinco séculos antes das aparições
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A História pode ser comparada a uma imensa encenação, difícil de excogitar. O cenário é a própria Criação.

No centro do cenário, os homens se movem, falam, fazem e desfazem, enquanto Deus, na sua infinita sabedoria, atua nos bastidores, no Céu, oculto aos olhos dos homens de pouca fé.

Ele vai modelando, como um diretor soberano, o desenrolar dessa peça suprema, através das causas segundas – como é o caso dos espíritos angélicos, dos homens e da natureza – e, em certas circunstâncias peculiares, mediante sua intervenção direta.

No fim da História, verificar-se-á que o longo enredo de séculos de lutas, vitórias e tragédias da humanidade não foi uma sucessão confusa de fatos, mas a realização de um superior plano divino.

No Juízo Final a História aparecer-nos-á, não como um amontoado de acontecimentos, segundo a visão de certos manuais escolares.



Mas mostrar-se-á com a ordem reluzente de uma fabulosa catedral, em que ao esplendor das linhas arquitetônicas somar-se-á a riqueza e a magnificência dos pormenores, formando o conjunto uma obra-prima de perfeição insuperável.

Cristandade: simbolizada por imponente edifício

Nesta Terra, precisamos nos esforçar para entrever tal arquitetonia final. Os fatos imediatos distraem nossa visão, como os andaimes escondem o prédio que está sendo construído. O movimento dos operários, frequentemente confuso, perturba a percepção do plano do arquiteto.

Entretanto, em certas oportunidades, focalizando certo ângulo ou descobrindo fortuitamente um elemento, podemos intuir parte do vulto desse edifício majestoso.

É lícito supor que, quando o prédio estiver concluído, no final dos tempos, todos – anjos e bem-aventurados, demônios e precitos – descobrirão que ele ostenta em seu centro a Nosso Senhor Jesus Cristo, e a seu lado a Rainha dos Céus e da Terra, talvez sob a invocação do Coração Imaculado de Maria.

As imagens de Nossa Senhora no cerne da rosácea, como nas fachadas de catedrais góticas, a exemplo de Notre Dame de Paris, dão-nos uma certa ideia disso.

A vida de Soror Filipina pertence à categoria dos fatos que, à maneira de um clarão, nos fornecem uma antevisão, ainda que pálida, da arquitetonia da obra que Deus está construindo ao longo dos milênios de História.

Para entender melhor, retrocedamos um pouco no tempo.

A dominicana Soror Filipina, de alta nobreza

Beato Umberto III de Saboia
Beato Umberto III de Saboia
Soror Filipina era de estirpe principesca. Seu pai, Felipe II de Saboia, Príncipe de Acaia, nascera em 1344, e desde jovem teve que defender militarmente seus direitos sobre o feudo paterno.

Acabou sendo deserdado pela madrasta, traído e entregue à morte. Foi amarrado com correntes e lançado nas águas gélidas do lago Avigliana, perto da abadia de San Michele delle Chiuse, entre o Piemonte e a Saboia, em 20 de dezembro de 1368.

Nesse mesmo ano nascia sua filha única, Umberta Felipa, no castelo de Sarre. Ela nunca conheceu o pai. Mas, conhecendo seu terrível destino, tornou-se religiosa, com o fim de obter-lhe a graça da salvação eterna. E para que seu holocausto fosse mais perfeito, entrou em religião sob o nome de Filipina dei Storgi, para não ser objeto de preferências, ocultando seu nome principesco.

Na hora da execução, o Príncipe Felipe havia posto no pescoço uma medalha. Era esta do Bem-aventurado Umberto III (+ 1189), conde soberano da Saboia e herói na defesa do Papado contra as injustas pretensões do Imperador Frederico Barbarroxa. Um antepassado seu, portanto.

Quando o corpo de Felipe desapareceu sob as águas, os assassinos fugiram. Porém, por inverossímil que pareça, o príncipe não morrera. Por um milagre – que ele atribuía à medalha do Beato Umberto –, voltou à tona sem ser visto por ninguém.

Partiu então para o exílio, levando desde então vida de penitente. Usando um pseudônimo, peregrinou pelos santuários da França, Suíça e Espanha. Até que chegou... a Fátima, em Portugal.

Por que Fátima? O que havia lá?

Fátima: terra mariana e de Cruzada

Os documentos agora publicados mencionam “uma igreja numa cidadezinha que se chama Fátima, edificada por uma antepassada de nossa Santa Fundadora Margarida de Saboia, Mafalda rainha de Portugal”. (documento 2)

Dom Afonso Henriques e o milagre de Ourique
Dom Afonso Henriques e o milagre de Ourique
A rainha Mafalda (+ 1157) foi esposa de D. Afonso Henriques (1128 – 1185), fundador do reino português. Ela era filha de Amadeu III da Saboia (+ 1148), Conde do Sacro Império Romano Alemão, falecido na 2ª Cruzada, e irmã do Beato Umberto, a quem o príncipe devia a vida. Era também uma antepassada do príncipe em desgraça.

A região de Fátima e vizinhanças fora conquistada aos mouros pela espada do rei D. Afonso. A seguir, este rei precisou garantir o povoamento e o controle da área conquistada, porque as incursões maometanas eram contínuas.

Por isso D. Afonso, com a participação de Da. Mafalda, concedeu grandes extensões dessas terras a duas ordens religiosas de escol, além de outorgar castelos a nobres portugueses, paladinos da Reconquista.

Uma foi a Ordem de Cister (cistercienses), fundada por São Bernardo de Claraval, o grande apóstolo marial da Idade Média e primo do rei. Os cistercienses erigiram a célebre abadia de Santa Maria de Alcobaça, berço da cultura lusitana, a menos de 40 quilômetros a oeste de Fátima.

A outra foi a Ordem do Templo (templários), ordem militar de cavalaria constituída também sob o influxo de São Bernardo, para defender a Terra Santa.

Após polêmica proibição, os templários foram expulsos da Europa e se refugiaram em Portugal. Seu quartel-general estava localizado em Tomar, aproximadamente a 30 km a leste de Fátima.

Em 1318, sob o reinado de D. Diniz, transformou-se no quartel-general da Ordem de Cristo. A cruz dos Templários-Ordem de Cristo figurava nas velas das naus de Pedro Álvares Cabral, o descobridor de nosso País. Essa cruz foi a insígnia que tremulou, durante os primeiros anos de nossa história, nos estandartes e bandeiras da Terra de Santa Cruz.

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