Décadas antes de La Salette, Deus anunciava grandes castigos ‒ Beata Isabel Canori Mora 1
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Décadas antes de La Salette, Deus anunciava grandes castigos ‒ Beata Isabel Canori Mora 1


Óleo da Beata no fim da vida
A aparição de La Salette ocupa um lugar central dentro de uma série de advertências e anúncios divinos através de intermediários privilegiados por Nossa Senhora e Seu Divino Filho.

Mas, nem todos esses avisos são bem conhecidos no Brasil. Entre os menos conhecidos estão as visões da Bem-aventurada Isabel Canori Mora (1774-1825).

A Bem-aventurada Isabel escreveu-as de próprio punho em centenas de páginas dirigidas a seu confessor. Os manuscritos se encontram hoje zelosamente custodiados no arquivo dos padres trinitários, em San Carlino, Roma (Trata-se do manuscrito MS —132).

Algumas circunstâncias dispuseram que uma cópia de primeira mão chegasse até nós, permitindo-nos compulsar fólio por fólio.


Em 1996 a Libreria Editrice Vaticana, com o Imprimatur da diocese de Roma, editou tais escritos na íntegra, seguindo a ortografia e gramática italiana hodierna, com louvável adequação e respeito do original (La mia vita nel Cuore della Trinità — Diario della Beata Elisabetta Canori Mora, sposa e madre, Libreria Editrice Vaticana, 1996, 765 pp. Imprimatur do Vicariato de Roma, Pe. Luigi Moretti, secretário-geral, 31-8-1995).

O texto completo do Diário está disponível na Internet em Intratext, na língua italiana original.

Esses manuscritos podem assombrar a mais de um fiel pouco precavido.

O censor teológico, que em 5-11-1900 emitiu sábio e nobre juízo, isentando-os de erro, sentiu a necessidade de desfazer as objeções que se poderiam levantar contra as revelações mais surpreendentes da Bem-aventurada, hoje cultuada nos altares.

Juízo do censor eclesiástico sobre os escritos da Bem-aventurada Isabel

Em 5-11-1900, o censor eclesiástico encarregado pela Santa Sé para examinar os manuscritos da Bem-aventurada Isabel Canori Mora emitiu juízo formal, no qual afirma:
“Em todos os escritos da referida Serva de Deus Isabel Canori Mora não há nada contrário à fé e aos bons costumes, como também não se encontra nenhuma doutrina inovadora ou peregrina, ou alheia ao modo de sentir comum e consuetudinário de Nossa Santa Madre Igreja”.

Ele, entretanto, observa que se poderiam apresentar objeções quanto a “certas visões e revelações que se referem especialmente a prelados maiores e menores de Roma, nas quais aparecem descritos com cores bastante carregadas e com proporções que pareceriam próprias a escandalizar os fiéis, e às quais pareceria convir a qualificação de mal soantes ou ofensivas aos ouvidos pios”.

Para afastar essa eventual objeção, o censor eclesiástico esclarece, entre outras coisas, que
Manuscritos originais, igreja de San Carlino, Roma
“lamentações deste gênero, expressas por vezes com linguagem ainda mais vibrante, não são absolutamente nenhuma novidade nos escritos dos Servos de Deus, para os quais, se era doloroso ver a corrupção no povo, muito mais o era ter que deplorá-la nos ministros do santuário”.

Após explicar como seria árduo tentar provar serem falsas as visões da Beata Isabel, e como não seria difícil mostrar serem autênticas, conclui:
“As palavras da Serva de Deus, antes que mal soantes ou ofensivas aos ouvidos pios, devem ser consideradas muito úteis, especialmente aos sacerdotes que as leiam”.

O zeloso censor exprimiu também o desejo de que “a autobiografia da nossa Venerável Serva de Deus possa ver a luz, apenas seja possível e conveniente”, pois estas páginas “a muitas almas bem dispostas, e não dadas a desprezar as maravilhas de Deus nos seus santos, não deixarão de ser igualmente proveitosas”. (Sacra Rituum Congregatione, Beatificationis et canonizationis Ven. Servae Dei Elisabeth Canori Mora. Prima positio super virtutibus, Ex Typographia Pontificia in Instituto Pii IX, Roma, 1914. Iudicium Censoris Theologi super scriptis Ven. Servae Dei Elisabeth Canori Mora).

Breves dados biográficos da Bem-aventurada Isabel

Isabel Canori é filha de Tomás Canori, grande proprietário de terras romano, e de Teresa Primoli, aristocrática dama da Cidade dos Papas.

Após receber esmerada educação familiar, desposou um jovem advogado, Cristoforo Mora, filho de um rico médico da mesma Roma, em 10-1-1796. Do casal nasceram quatro filhas, duas das quais morreram com pouca idade.
Retrato com 22 anos

Tudo augurava ao novo matrimônio um brilhante futuro. Mas a tragédia veio logo.

O marido entregou-se à crápula, arruinou a família e abandonou o lar, seduzido por uma mulher de má vida.

Foi preso pela polícia pontifícia, primeiro num cárcere, depois num convento. Jurou mudar de vida, mas após retornar ao seu lar, tentou repetidas vezes assassinar sua esposa Isabel.

Ela foi de uma fidelidade heróica, oferecendo pelo marido enormes sacrifícios. E profetizou que ele acabaria morrendo sacerdote.

Assim foi. Após o falecimento da Bem-aventurada, em 5-2-1825, Cristoforo caiu em si e fez-se religioso, levando exemplar vida de penitência. Foi ordenado sacerdote e morreu rodeado de grande consideração.

Quando abandonada pelo esposo, incompreendida pelos familiares, Isabel teria caído na miséria se benfeitores compassivos não a tivessem auxiliado.

Entre eles encontravam-se Prelados romanos, que narraram ao Papa Pio VII os seus méritos. O Pontífice, beneficiado pelas orações e sacrifícios dela, concedeu privilégios pouco comuns à capela privada da sua humilde casa.

Sua causa de beatificação foi introduzida em 1874, durante o pontificado do Bem-aventurado Pio IX. Pio XI aprovou o decreto de heroicidade de virtudes em 1928, tendo sido Isabel Canori Mora beatificada em 24-4-1994 por João Paulo II.

Praça de São Pedro no dia da beatifição
Deus desvenda a gravidade do pecado

Em Fátima, Nossa Senhora foi preparando aos poucos os três pastorinhos para se abrirem à revelação da imensidade do pecado cometido pela humanidade e à amplidão da penitência que vinha pedir.

De modo análogo, agiu Deus em relação à Bem-aventurada Isabel. No Natal de 1813, ela foi arrebatada a um local inundado de luz, onde inúmeros santos rodeavam um humilde presépio. Nele, o Menino Jesus chamava-a docemente.

A própria Isabel descreve sem preocupações literárias a surpresa que teve:

“Só de pensar, me causa horror. [...] Vi o meu amado Jesus recém-nascido banhado no seu próprio sangue [...], nesse momento compreendi por via intelectual qual era a razão de tanto derramamento de sangue do Divino Infante apenas nascido. [...] A má conduta de muitos sacerdotes seculares e regulares, de muitas religiosas que não se comportam segundo o seu estado, a má educação que é dada aos filhos por parte dos pais e mães, como também por aqueles a quem incumbe uma obrigação similar. Estas são as pessoas por cujo bom exemplo deve aumentar o espírito do Senhor no coração dos outros. Mas eles, pelo contrário, apenas nasce [o espírito de Nosso Senhor] no coração das crianças, fazem-lhe uma perseguição mortal com sua má conduta e maus ensinamentos.”
Assinatura da Beata Isabel com nome de terciaria

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