O dogma da Imaculada Conceição, Lourdes e o esmagamento do mal anticristão
Orações

O dogma da Imaculada Conceição, Lourdes e o esmagamento do mal anticristão


O Papa Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição.
Afresco nos Museus Vaticanos.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs



continuação do post anterior: Lourdes é sinal do triunfo da Imaculada Conceição



Roberto de Mattei
(1948 - )
professor de História,
especializado nas ideias
religiosas e políticas no
pós-Concilio Vaticano II.




A uma religiosa que um dia perguntou ao Pontífice o que sentira no momento da definição, o próprio Pio IX manifestou o que lhe ia na alma naquela ocasião:

‘O que eu experimentei, o que eu conheci ao definir este dogma, é tão grande, que nenhuma língua humana o poderia exprimir. Quando comecei a promulgar o decreto dogmático, senti que a minha voz era impotente para se fazer ouvir pela imensa multidão (50 mil pessoas) que se comprimia na basílica do Vaticano. Mas, quando cheguei à fórmula de definição, Deus concedeu à voz do seu Vigário tal força e vigor sobrenatural tão grande, que ela ressoou em toda a basílica.

‘Fiquei tão impressionado com este socorro divino, que fui obrigado a suspender o discurso por um instante, a fim de dar livre curso às lágrimas.

‘Além disso, enquanto Deus proclamava o dogma pela boca do seu Vigário, o próprio Deus comunicou ao meu espírito um conhecimento tão claro e tão vasto da incomparável pureza da Santíssima Virgem, que me perdi como num abismo na profundeza desse conhecimento que língua alguma podia descrever, e a minha alma ficou inundada de delícias inenarráveis, de delícias que não são da Terra e que se não podem experimentar senão no Céu.



A coluna da Imaculada,
na Praça de Espanha, Roma,
benzida por Pio IX a 8.9.1857
lembra a proclamação do dogma.
‘Nenhuma prosperidade, nenhuma alegria deste mundo poderia dar a menor ideia daquelas delícias; e eu não receio afirmar que o Vigário de Jesus Cristo teve necessidade de uma graça especial para não morrer de felicidade, sob a impressão deste conhecimento e deste sentimento da beleza incomparável de Maria Imaculada’.(5)

A definição do dogma da Imaculada Conceição suscitou um extraordinário entusiasmo no mundo católico e revelou a vitalidade da fé católica, num século agredido pelo racionalismo e pelo naturalismo.

‘Depois da definição do Concílio de Éfeso sobre a divina maternidade de Maria — escreve ainda o teólogo Campana — a História não pode registrar outro fato que tenha suscitado tão vivo entusiasmo pela Rainha do Céu, como a definição da sua total isenção de culpa’.(6)

Entre as numerosíssimas recordações da solene definição, que permaneceram até os nossos dias, temos ainda a coluna da Imaculada, na praça de Espanha, em Roma, erguida a 18 de dezembro de 1856 e benzida por Pio IX a 8 de setembro de 1857. [...]

* * *

O primeiro grande ato do pontificado de Pio IX — a definição do dogma da Imaculada — é muito mais do que a pública expressão daquela profunda devoção a Nossa Senhora, que desde a infância tinha caracterizado a espiritualidade de Giovanni Maria Mastai Ferretti.

Ele manifesta a sua profunda convicção na existência de uma relação entre a Mãe de Deus e os acontecimentos históricos, e, de modo particular, da importância do privilegio da sua Imaculada Conceição, como antídoto para os erros contemporâneos, cujo fulcro está precisamente na negação do pecado original.

O fundamento deste privilégio mariano está na absoluta oposição existente entre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, concebida sem pecado.

E a Maria, enquanto Imaculada, foi reservado vencer o mal, os erros e as heresias que nascem e se desenvolvem no mundo como conseqüência do pecado.

De Maria a Igreja canta o louvor: Cunctas haereses sola interemisti in universo mundo.(7)

O privilégio da Imaculada deve ser considerado, pois, não de maneira abstrata e estática, mas na sua projeção histórica e social. A Imaculada não é, na verdade, uma figura isolada das outras naturezas humanas que foram, que são e que serão:

Todo ano, a cidade de Roma, pela mão dos bombeiros
presenteia uma coroa de flores à imagem
da Imaculada Conceição no topo da coluna
‘Toda a história humana é iluminada e nobilitada por esta excelsa criatura, a única que, em perfeição, é inferior somente a Deus’.(8) [...]

* * *

No quadro teológico da Ineffabilis Deus, Nossa Senhora aparece-nos, pois, como a vencedora gloriosa das heresias da qual falam todos os Pontífices, e é à oposição entre a Virgem toda bela e Imaculada e a crudelíssima serpente, que se reconduz — como aos seus primeiros e fundamentais agentes — o antagonismo radical entre a Igreja e aquela Revolução dos tempos modernos, que tem os seus germes mais ativos e profundos na desordem das paixões, fruto do pecado do homem decaído.(9)

A Revolução — organização social do pecado — está destinada a ser vencida pela graça, dom divino concedido aos homens na Cruz por Nosso Senhor Jesus Cristo.(10)

A Virgem Dolorosa, Regina Martyrum, foi associada a esta obra redentora, aos pés da Cruz, por ter sofrido sobre o Calvário, em união com o seu Filho, o maior dos martírios.

É na Cruz que se funda a mediação universal e onipotente de Maria, verdade que constitui a maior razão de esperança para todos aqueles que combatem a Revolução.

Se a serpente, cuja cabeça foi esmagada pela Virgem Imaculada, é a primeira revolucionária, Maria, dispensadora e tesoureira de todas as graças, é, na verdade, o canal através do qual os católicos alcançarão as graças sobrenaturais necessárias para combater e esmagar no mundo a Revolução.

A luta entre a serpente e a Virgem, entre os filhos da Revolução e os filhos da Igreja, delineia-se, pois, como a luta total e irreconciliável entre duas ‘famílias espirituais’, como tinha profetizado no século XVIII São Luís Maria Grignion de Montfort, o santo ao qual se deve a leitura talvez mais inspirada e luminosa da passagem do Gênesis que constitui o fulcro da Ineffabilis Deus: Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a descendência d’Ela; Ela te esmagará a cabeça e tu armarás insídias ao seu calcanhar (Gn 3, 15).

‘Deus — comenta São Luís Maria — não pôs somente uma inimizade, mas inimizades, e não somente entre Maria e o demônio, mas também entre a posteridade da Santíssima Virgem e a posteridade do demônio.

‘Por outras palavras, Deus pôs inimizades, antipatias e ódios secretos entre os verdadeiros filhos e servos da Virgem Maria e os filhos e escravos do demônio.

‘Não há entre eles a menor sombra de amor, nem correspondência íntima existe entre uns e outros!’(11)

‘A oposição entre estas duas famílias espirituais está destinada a dividir implacavelmente a humanidade, até o fim da História. Sobre este fundo de quadro situa-se a luta entre a Igreja e a Revolução”.

Notas:
* Roberto de Mattei, Pio IX, tradução portuguesa do original italiano por Antonio Carlos de Azeredo, Livraria Editora Civilização, Porto, pp. 191 a 213.
1. E. Campana, Maria nel dogma cattolico, Marietti, Turim-Roma, 1936, pp. 598-599.
2. Positio, pp. 24, 129, 503, 1004, etc.
3. A. Piolanti, L´Immacolata Stella del Pontificato di Pio IX, in revista “Pio IX”, 1 (janeiro-Abril, 1988), p. 42.
4. Positio, p. 129.
5. Cfr. V. Sardi, La solenne definizione del Dogma dell´Immacolato Concepimento di Maria SS., Atti e Documenti, Tipografia Vaticana, Roma, 1905, T. II, pp. 428-430; Positio, pp. 24-25.
6. E. Campana, op. cit. p. 600.
7. Comm. Fest. B. M. V. ad Matut., ant. 7.
8. Luigi Bogliolo, Pio IX e l´Immacolata, na revista “Pio IX” 3 (Setembro-Dezembro, 1982), p. 326.
9. Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Rivoluzione e Contro-Rivoluzione, trad. it. de Luci sull´Est, Roma, 1999, pp. 108-109.
10. Sobre estes pontos, vide Plinio Corrêa de Oliveira, La devozione mariana e l´apostolato contro-rivoluzinario, in “Cristianità”, Piacenza, 247-248 (Novembro-Dezembro, 1995), pp. 9-15 e Roberto de Mattei, Il crociato del secolo XX, Piemme, Roma, 1996, pp. 311-356.
11. São Luís Maria Grignion de Montfort, Trattato della vera devozione a Maria, Centro Mariano Monfortiano, Roma, 1976, p. 53.


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