“Embora estivéssemos a uma distância de uns vinte metros, ouvimos uma voz doce, como se saísse de uma boca próxima de nossos ouvidos, que dizia:
– Avançai meus filhos, não tenhais medo. Estou aqui para vos anunciar uma grande notícia.
O temor respeitoso que nos tinha contido desvaneceu-se. Corremos até ela, como indo a uma boa e excelente mãe”.
“O vestido da Santíssima Virgem era branco prateado e todo brilhante. Não tinha nada de material, estava composto de luz e de glória variante e cintilante.
“Na terra não há expressões nem comparação para usar. (...)
“A Santíssima Virgem tinha um avental amarelo. Por que digo amarelo? Ela tinha um avental mais brilhante que muitos sóis juntos.
“Não era de um pano material, estava composto de glória, e esta glória era cintilante e de uma beleza encantadora.
“Tudo na Santa Virgem me atraía poderosamente e me inclinava a adorar e a amar meu Jesus em todos os estados de sua vida mortal.
“A coroa de rosas que ela tinha sobre a cabeça era tão bela, tão brilhante, que não dá para se fazer uma idéia. As rosas de diversas cores não eram da terra.
“Era uma reunião de flores que rodeava a cabeça da Santíssima Virgem com forma de coroa. Mas as rosas mudavam e se substituíam, porque do centro de cada rosa saía uma luz tão bela, que fascinava e tornava as rosas de uma beleza esplendorosa.
“Da coroa de rosas subiam raios de ouro e uma grande quantidade de outras florinhas misturadas com brilhantes. O todo formava um belíssimo diadema, que brilhava sozinho mais do que nosso sol na Terra.
Os sapatos (pois é preciso dizer sapatos) eram brancos, mas de um branco prateado, brilhante. Havia rosas em torno deles.
“Essas rosas eram de uma beleza fulgurante. E do centro de cada rosa saía uma chama de luz muito bonita e muito agradável de se ver. Sobre os sapatos havia uma fivela de ouro, não do ouro da Terra, mas de ouro do paraíso”.
“A Santa Virgem tinha uma belíssima cruz pendurada no pescoço. Essa cruz parecia ser dourada, mas digo dourada para não dizer que era folheada a ouro (...).
“Sobre esta cruz brilhantíssima havia um crucificado. Era Nosso Senhor com os braços estendidos sobre a cruz. Quase nas duas extremidades da cruz, de um lado havia um martelo e do outro uma torquês.
“A cor da pele do crucificado era natural, mas brilhava com grande fulgor. E a luz que emanava de todo seu corpo parecia dardos brilhantíssimos que perpassavam meu coração de desejo de me fundir n’Ele.
“Por vezes Cristo parecia morto. Ele tinha a cabeça inclinada e o corpo estava afastado, como a ponto de cair, se não fosse retido pelos pregos que o seguravam na cruz.
“Outras vezes Cristo parecia vivo. Tinha a cabeça erguida, os olhos abertos, e parecia estar na cruz por vontade própria. E em algumas ocasiões parecia falar”.
“A Santíssima Virgem – lembra ainda Mélanie – tinha duas correntes, uma um pouco mais larga que a outra. Da mais estreita estava pendurada a cruz à qual me referi.
“Essas correntes (é preciso dar-lhes o nome de correntes) eram raios de glória de grande brilho, que não é fixo mas faiscante”.
“Vinde meus filhos, não tenhais medo, estou aqui para vos anunciar uma grande notícia.
“Se meu povo não quiser se submeter, fico obrigada a deixar o braço de meu Filho golpear.
“Ele é tão pesado e tão grave, que não posso mais segurá-lo.
“Há muito que sofro por vossa causa. Se quero que meu Filho não vos abandone, estou obrigada a rezar a Ele sem cessar, por vossa causa.
Mas vós não fazeis caso”.