As duas trombetas de Deus: São Francisco e São Domingos – 3
Orações

As duas trombetas de Deus: São Francisco e São Domingos – 3


Santa Isabel rainha de Hungria
com hábito de terceira franciscana
continuação do post anterior

Mas, por um maravilhoso efeito da graça divina, é sobretudo entre as filhas dos reis que se recrutam as santas da Ordem daquele mendigo que havia procurado todos os excessos da pobreza.

Quer elas entrem na estrita observância das pobres Claras, quer, retidas nos laços do casamento, elas não possam adotar senão a regra da Ordem Terceira.

A primeira em data e celebridade é Santa Isabel da Hungria, de quem escrevemos a vida. Não foi em vão, como o veremos, que o Papa Gregório IX obrigou São Francisco a enviar-lhe (a Santa Isabel) seu pobre manto; como Eliseu recebendo o de Elias, ela devia encontrar aí força para tornar-se sua herdeira.

Inflamada por seu exemplo, sua prima irmã, Inês de Boêmia, recusa a mão do Imperador dos Romanos e do Rei da Inglaterra e escreve a Santa Clara dizendo que ela também jurou viver na absoluta pobreza. Santa Clara responde-lhe por uma carta admirável que nos foi conservada, e envia ao mesmo tempo à sua real noviça uma corda para cingir seus rins, uma tigela de terra e um crucifixo.

Como ela, Isabel de França, irmã de São Luís, recusa tornar-se esposa do imperador Conrado IV, para se tornar clarissa e morrer santa, como seu irmão.


A viúva deste Santo rei, Margarida, as duas filhas de São Fernando de Castela, Helena, irmã do Rei de Portugal, seguem esse exemplo.

Mas, como se a Providência quisesse abençoar o terno laço que unia nossa Isabel a São Francisco e a Santa Clara, que ela tinha tomado como modelos, é principalmente sua família que oferece à Ordem seráfica como que uma pepineira de santos:

Santa Catarina de Siena, Blackfriars, Oxford.
Santa Catarina de Siena, Blackfriars, Oxford.
Depois de sua prima Inês, é sua cunhada, a Bem-Aventurada Salomé, Rainha da Galícia; depois sua sobrinha, Santa Cunegunda, duquesa da Polônia; e, enquanto uma outra de suas sobrinhas, a Bem-Aventurada Margarida da Hungria, prefere a Ordem de São Domingos, na qual ela morre aos vinte e oito anos, a neta de sua irmã, chamada, por causa dela, Isabel, Rainha de Portugal, abraça como ela a Ordem Terceira de São Francisco, e como ela merece aí a palma eterna.

Ao lado dessas santas franciscanas de nascimento real, é preciso não esquecer aquelas que a graça de Deus fazia surgir das últimas camadas do povo, como:

Santa Margarida de Cortona, que, de cortesã, torna-se o modela das penitentes; Santa Rosa de Viterbo, ilustre e poética heroína da Fé, que, apenas com dez anos, no momento em que o Papa fugitivo não tinha mais nenhum palmo de terra para si na Itália, desceu à praça pública de sua cidade natal, para pregar os direitos da Santa Sé contra a autoridade imperial que ela soube abalar, mereceu ser exilada aos quinze anos, por ordem de Frederico II, e retornou triunfante com a Igreja, para morrer aos dezessete anos, no meio daquela Itália onde seu nome é ainda tão popular.

Estas duas grandes Ordens, que povoavam o Céu comovendo a terra, encontravam-se, apesar da diversidade de seus caracteres e meios de ação, em uma mesma tendência no amor e culto de Maria.

Nossa Senhora dos 'encomendados'.
Bolsena, capela das reliquias do milagre eucaristico
Era impossível que a influência desta sublime crença na Virgem Maria, que tinha exercido um império sempre crescente sobre os corações, desde a proclamação de Sua Maternidade divina no Concílio de Éfeso, não fosse incluída no imenso movimento das almas cristãs do século XIII; também, pode-se dizer que, se, desde o século precedente, São Bernardo tinha dado à devoção popular pela Santa Virgem o mesmo impulso que tinha imprimido a todos os nobres instintos da Cristandade, foram essas duas grandes Ordens mendicantes as que levaram esse culto ao apogeu de brilho e de poderio do qual não mais desceria.

São Domingos, pelo estabelecimento do Rosário, e os franscicanos, pela pregação do dogma da Imaculada Conceição, elevaram nesse culto duas majestosas colunas, uma de prática, outra de doutrina, do alto das quais a doce majestade da Rainha dos Anjos presidia a piedade e a ciência católica.

São Boaventura, o grande e douto teólogo, torna-se poeta para cantá-la, e parafraseia duas vezes os Salmos completos em Sua honra .

Todas as obras e as inspirações dessa época; sobretudo todas as instituições da arte como nos foram conservadas em suas grandes catedrais e nos cantos dos poetas , mostram-nos um desenvolvimento imenso, no coração do povo católico, de sua ternura e de sua veneração por Maria.

(Fonte : Charles de Montalembert, “Histoíre de Sainte Elisabeth de Hongrie”, Pierre Téqui, Libraire Éditeur, Paris, 1930, )




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