As dores da Paixão compraram o triunfo da Igreja
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As dores da Paixão compraram o triunfo da Igreja


Durante sua Paixão, Nosso Senhor fez esta pergunta, e foi um dos maiores sofrimentos d’Ele: Quae utilitas in sanguine meo? (“Que utilidade houve no meu sangue?”)

Em última análise, “do que adianta o meu sangue?”

Ele pensou em tantas almas que haveriam de pisar no sangue d’Ele.

Levianamente, estupidamente, por uma ninharia, por uma bagatela.

Por uma risada de criada, como no caso de São Pedro.

Por trinta dinheiros, como Judas.

Por preguiça, por vontade de dormir, como os outros Apóstolos.

Por medo, por oportunismo, por sensualidade, por quantas coisas as almas haveriam de rejeitá-lo!

Nosso Senhor teve em vista a nossa época, e Nossa Senhora também.

Ele teve em vista todas as traições de nossos tempos, todos os abandonos, tudo quanto as almas sacerdotais O fizeram sofrer.

Se o pecado de qualquer homem tanto fez Nosso Senhor sofrer, quanto o faria sofrer o pecado dos próprios membros da Santa Igreja?

David, no Livro dos Salmos, tem esta queixa em relação a um que lhe fez mal:


“Se o ultraje viesse de um inimigo, eu o teria suportado; se a agressão partisse de quem me odeia, dele me esconderia. Mas eras tu, meu companheiro, meu íntimo amigo, com quem me entretinha em doces colóquios; com quem, por entre a multidão, íamos à casa de Deus”. (Sl 54, 13-15).

Tudo de nossa época foi visto por Ele, mas visto também com amor.

Pelo fruto desse sangue infinitamente precioso, haveria de brotar uma graça especial para alguns que são tão ruins quanto os outros — e às vezes piores do que os outros, mas que, por essa graça especial, foram chamados para serem fiéis nessa hora de infidelidade – para serem aqueles que estão junto à cruz, como São João Evangelista, junto à ortodoxia, junto à verdadeira doutrina, na hora em que todo o mundo a abandona.

São aqueles que compreendem o martírio da Igreja, a tragédia da Igreja corroída internamente pelo progressismo e entregue aos seus piores adversários.



Esses foram chamados para lutar por Ela, para compreender sua dor, meditar sobre essa dor e viver essa dor — a dor da Santa Igreja Católica Apostólica Romana em nossos dias.

(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, “Catolicismo”, março de 2008)

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Do blog "Lourdes e suas aparições"

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