Orações
A monja que fugiu de seu mosteiro
|
Luis Dufaur
|
Num antigo e austero mosteiro habitava uma monja muito jovem, chamada Beatriz, de grande piedade em sua vida religiosa e profundamente devota de Santa Maria, a quem consagrara a metade de sua vida.
Continuamente a viam de joelhos diante do seu altar, em fervorosa veneração, oferecendo sua esplêndida juventude e angélica pureza à sua Santíssima Mãe. A abadessa e todas as irmãs do convento lhe professavam grande carinho, por sua bondade e doçura, e a nomearam para o cargo de sacristã da igreja, que ela desempenhava com grande zelo.
Porém, sendo Beatriz extraordinariamente bela, despertou a paixão de um clérigo que frequentava o mosteiro. Tentou convencê-la a fugir do convento com ele. Mas Beatriz, que a princípio resistia com firmeza, sentia desfalecer suas forças ante os embates daquela forte tentação.
Procurava rezar, porém sua devoção se havia convertido em aridez de espírito, e sua imaginação voava muito longe, sentindo fastio na oração. Numa ocasião em que a igreja estava deserta, o enamorado conseguiu enfim que a monja consentisse em fugir com ele.
Antes de partir, ela se prostrou de joelhos ante a Virgem, dizendo:
— Soberana Senhora, eu te servi honestamente durante a vida toda, até hoje, e não posso conter esta força que me arrasta longe de ti. Entrego-te e te encomendo as chaves desta igreja.
E depositando as chaves sobre o altar, fugiu com o clérigo.
|
Nossa Senhora da Misericórdia. (Sano di Pietro (1406–1481), col. privada |
Transcorreu pouco tempo, e o clérigo, uma vez satisfeita sua paixão, abandonou Beatriz, que caiu com a alma desgarrada e grande confusão de espírito.
Sem atrever-se a voltar ao convento, transformou-se numa mulher pública, levando vida ímpia e vergonhosa durante quinze anos, torturada pelos remorsos de sua consciência e conservando uma vaga esperança de perdão.
Passava um dia diante do mosteiro, e sentiu o desejo de parar, para saber o que pensavam da irmã sacristã. Aproximou-se da porteira do convento, e perguntou:
— Diga-me, irmã, como está Beatriz, a sacristã?
A porteira respondeu:
— Vai muito bem, tão santa e devota como sempre, desempenhando maravilhosamente seu ofício de sacristia. Todas as religiosas a admiram. Já está no convento há vinte e seis anos, demonstrando grande piedade.
Beatriz ficou pensando nas misteriosas palavras que acabava de ouvir, mas sem poder compreendê-las. Então lhe apareceu a gloriosa Virgem, dizendo:
— Beatriz, minha filha, durante quinze anos, em figura tua, Eu desempenho o ofício de sacristã. Volta ao mosteiro, e continua servindo como se nunca tivesses saído, porque nada sabem de teu pecado. Crêem que continuas em teu posto. Faze penitência para alcançar o perdão de teus muitos pecados.
E nesse momento desapareceu. Beatriz regressou ao convento, e voltando a tomar seus hábitos e as chaves, continuou o ofício de sacristã, sem que ninguém chegasse a se dar conta de sua volta.
Unicamente o confessor, a quem revelou sua vida e seus pecados, era conhecedor daquele milagre. Impôs-lhe severas penitências, que Beatriz cumpriu com rigor, edificando suas companheiras com o exemplo de suas virtudes heroicas e sua santa vida cheia de sacrifícios, para expiar suas culpas.
Chegada sua última hora, Beatriz chamou toda a comunidade, que a rodeou em seu leito de morte, e em alta voz confessou seu pecado, descobrindo o prodígio de misericórdia operado por Nossa Senhora, que durante quinze anos desempenhou por ela o cargo de sacristã.
Foi tudo isso atestado pelo confessor. E morreu santamente naquele instante.
Todas as monjas ficaram admiradas daquele portento, e deram graças à sua Mãe Celestial, que havia feito aquele favor para a religiosa.
(V. Garcia de Diego, Antología de Leyendas de la Literatura Universal - Labor, Madrid, 1953)
GLÓRIA CRUZADAS
CASTELOS CATEDRAIS
HEROIS
CONTOS CIDADE SIMBOLOS
loading...
-
Legenda Da Fidelidade
Conta-se que em tempos muito remotos havia um convento de monjas agostinianas, perto da cartuxa de Monte Alegre. Havia entre elas — e era, por certo, a mais humilde — uma monja de família nobre, de alta linhagem e muito bela. Numa tarde, um cavaleiro...
-
A Santa Mão
Na igreja do convento das Bernardas, de Valbona, se conserva uma mão humana seca e apergaminhada. A legenda conta que ela pertenceu a um monge do mosteiro de Santa Creus. Neste mosteiro havia dois monges que, mesmo antes de entrar no convento, eram...
-
O Menino Que Dava Seu Pão Ao Menino Jesus
Vivia na cidade de Veneza um homem muito rico. Sua grande fortuna lhe permitia uma vida de luxo e comodidades, mas ele estava entristecido, sem poder desfrutar nada, pois todos os seus filhos morriam. Tinha o coração triste, e nada o podia consolar....
-
Oração A Santa Beatriz
ORAÇÃO: Lembrai-vos ó Santa Beatriz da Silva, das muitas angústias e tribulações pelas quais passastes nesta vida e intercedei por nós.Ó Santa Beatriz, virgem singularmente amada de Maria Imaculada,...
-
Oração A Santa Beatriz
PODCAST Santa Beatriz da Silva e Menezes, Virgem » ORAÇÃO Lembrai-vos ó Santa Beatriz da Silva, das muitas angústias e tribulações pelas quais passastes nesta vida e intercedei por nós. Ó Santa Beatriz, virgem singularmente amada de Maria Imaculada,...
Orações