A devoção medieval a Nossa Senhora e o senso da honra
Orações

A devoção medieval a Nossa Senhora e o senso da honra




A devoção à Virgem predispõe os medievais ainda um tanto rudes à delicadeza, à piedade, à proteção dos fracos, ao respeito das mulheres. Traz em si uma virtude de civilização e de cortesia.

Os testemunhos disso são infinitos e encantadores.

Imagine-se que no século XII um monge de Saint-Médard, Gautier de Coinci, relatou em trinta mil versos os milagres de Nossa Senhora. E que milagres primorosos, dignos da Légende Dorée!

Lá, um monge ignorante que sabe recitar apenas duas palavras — AVE MARIA —, e que por sua ignorância é desprezado.

Ele morre, e de sua boca saem cinco rosas em honra às cinco letras do nome MARIA.

Uma freira, tendo abandonado o convento para se entregar ao pecado, volta após longos anos e encontra a Virgem — a quem ela nunca cessara, até nos piores pecados, de dirigir cada dia uma oração — ocupando durante todo esse tempo o seu lugar no ofício, de forma que ninguém percebeu sua ausência.

Um cavaleiro, em troca da fortuna, prometera ao demônio entregar-lhe sua mulher.

Enquanto ele a conduzia, ela entrou por um momento numa capela da Virgem, e é então a Virgem que saiu da capela em seu lugar e puniu o demônio.

Um outro cavaleiro, indo ao torneio, esqueceu-se do tempo e ficou rezando a Nossa Senhora numa Igreja.



Nossa Senhora, enquanto isso, combatia em seu lugar sob sua armadura, e ganhava para ele o prêmio do torneio.

Vale lembrar o famoso jogral de Nossa Senhora, de quem Ela enxugava o suor: o conto e o teatro se apoderaram desta história.

Essa devoção à Virgem contribuiu sem dúvida para a formação do senso de honra, purificando e enobrecendo a rudeza desses cavaleiros, desses soldados, dessa gente de guerra ou do campo. Foram levados a tratar a mulher com mais respeito.

A honra que daí decorre é uma espécie de galanteria da alma, que nos leva à defesa dos fracos, ao esquecimento de nossos interesses, à generosidade, ao respeito à palavra dada, quaisquer que sejam as conseqüências.

Fonte: Henry Bordeaux, "Vie, mort et survie de Saint Louis, roi de France", Librairie Plon, Paris, pp. 34-35.

Desejaria receber gratuitamente 'Orações e milagres medievais' em meu e-mail

GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS



loading...

- Legenda Da Fidelidade
Conta-se que em tempos muito remotos havia um convento de monjas agostinianas, perto da cartuxa de Monte Alegre. Havia entre elas — e era, por certo, a mais humilde — uma monja de família nobre, de alta linhagem e muito bela. Numa tarde, um cavaleiro...

- Intimidade De Duas Mães
O Bem-aventurado bispo de Gênova Jacques de Voragine conta que uma viúva tinha um filho único, a quem queria muito. Sabendo que ele tinha sido feito prisioneiro pelos inimigos, acorrentado e posto na prisão, ficou profundamente triste. Dirigindo-se...

- A Caixinha Com Os Olhos
O Rei Ricardo da Inglaterra, indo ao convento de Santo Emblay para entregar uma filha sua, enamorou-se de uma monja. Enviou-lhe muitos presentes e jóias, com a pretensão de vencer sua vontade. Mas como ela não se submetia, mandou avisar a abadessa...

- São Lopo, Arcebispo De Sens
São Lopo, nasceu em Orléans num berço de sangue real. Resplandeciam nele todas as virtudes quando foi escolhido para arcebispo de Sens. Ele doava quase tudo aos pobres, e um certo dia em que ele tinha invitado muitas pessoas para comerem, no meio da...

- O Jogral Da Virgem
Muitos peregrinos, vindos dos mais remotos confins da Cristandade, iam à romaria do Santuário de Nossa Senhora de Rocamador. Era gente de toda espécie, desde mendigos ou empestados até fidalgos e grandes dignitários da Igreja. Freqüentemente misturavam-se...



Orações








.